Nos últimos meses temos acompanhado manifestações por todo o país. É o
grito daqueles que por centenas de anos foram usados e extorquidos. O povo
acordou e não deve voltar à inércia. Acredito que o ensino precário oferecido
aos jovens, numa tentativa absurda de oferecer o básico àqueles que têm o
máximo dentro de si, entrou em conflito direto com a curiosidade do
jovem. Os adolescentes de hoje despertam da cama com ideais e buscam mecanismos
para alcançar estes ideais. Com o advento da Internet e seu fácil acesso, vemos
crianças que saem das escolas e acabam descobrindo falhas no Sistema de
Educação, como a menina Isadora Faber, hoje com apenas 13 anos, que criou uma
Fanpage para denunciar "a verdade sobre as escolas públicas" e conta
com mais de 620 mil seguidores.
O Brasil conduz o Sistema de Educação nos moldes de empresa privada,
como se o investimento do Governo na Educação devesse trazer lucro financeiro,
quando o verdadeiro lucro é o aprendizado real dos que deixam a escola. E não
falo isso de forma alegórica, muito pelo contrário. O adolescente que deixa a
escola preparado para entrar no Ensino Superior e posteriormente no Mercado de
Trabalho se torna um profissional de qualidade e contribui com excelência para
o desenvolvimento do Brasil em qualquer área que tenha escolhido. Um grande
paradoxo que vemos é os altos salários de Eleitos e construções faraônicas com
dinheiro público e, no entanto, o mesmo dinheiro, o meu e o seu, é insuficiente
para pagar o professor ou construir uma escola com qualidade. Os jovens tendem a
migrar para escolas particulares, apertando ainda mais a renda familiar para
conseguir algo que por direito é dele: uma educação digna. O professor frente a
uma onda de violência dentro da sala de aula aliada a salários baixos têm pouco
a fazer a não ser oferecer o "arroz com feijão" de sempre, que são
obrigados pelo sistema.
Na Finlândia, país com o melhor Sistema de Educação do mundo, teve no ano de 2000, 100% das pessoas alfabetizadas. Ainda na Finlândia, os professores têm os
mais altos salários do mundo, as salas de aula têm no máximo 20 alunos (com
raríssimas exceções), o ensino privado é indesejado pelos pais, o Sistema
oferece cerca de 10 cursos de arte e técnico na grade curricular. No Brasil o
investimento à Educação é de cerca de $2.440,00 aluno/ano enquanto que o país
que mais investe, alcança a cifra de $25.700,00 aluno/ano. E este país não é a
Finlândia, mas sim Luxemburgo. A Finlândia investe algo em torno de $3,200,00. Cerca
de 30% a mais que o Brasil. Daqui entendemos que o valor de investimento não é o
fator preponderante... Não nos falta recursos, mas sim uma boa administração
dos Recursos Públicos.
O sonho de que o Brasil se torne um país de 1º mundo e que nossa
educação seja a melhor de todas, deve ser trocado pela realidade das mangas
dobradas e as mãos na massa para atingirmos este objetivo e pararmos de sonhar
enquanto o resto do planeta está acordado e trabalhando.
"Publicado originalmente no jornal Villa News, em meados de Junho"
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